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segunda-feira, 11 de março de 2013

PSICOLOGIA COGNITIVA



A CONSTRUÇÃO DA LEITURA

(1ª PARTE)
 
   ALFABETIZAÇÃO NA VISÃO PSICOGENÉTICA

         

   O processo de alfabetização (leitura), do ponto de vista da psicologia cognitiva, pode ser   entendido através da análise das relações entre os SIGNIFICANTES (palavras, desenhos, fotos etc.) e os SIGNIFICADOS (objetos). Essas relações não apenas vão explicar o progressivo distanciamento do objeto feito pela inteligência; mas, também, servirão para a compreensão dos processos de mudança de códigos.



Sendo distinguidas as seguintes etapas nas relações entre significantes e significados:


Ø  ÍNDICES (primeiros significantes com que a inteligência trabalha e ainda estritamente ligados ao objeto).


Ø  SÍMBOLOS (significantes capazes de proporcionarem maior mobilidade para inteligência já que lhes permitem agir mais à distância, trabalhando mais com as representações e não com os objetos.)

 

Ø  SIGNOS (significantes inteiramente independentes. Desvencilhados dos limites impostos. Esses significantes arbitrários e convencionais, independentes do objeto, são chamados de PALAVRAS (verbal e gráfica).

  

O primeiro momento de distinção entre os significantes e os significados é muito importante para o processo de alfabetização; vez que, representam a etapa das EXPERIÊNCIAS mais diretas da criança. Podendo ser considerada esta a PRIMEIRA ETAPA DA ALFABETIZAÇÃO COGNITIVA da aprendizagem de leitura.

 

Ora, a criança, ao identificar um objeto através de sua ação sensório motora sobre ele, nada mais está fazendo senão LENDO - OS. É o que chamamos leitura da realidade ou LEITURA DA EXPERIÊNCIA. Através dos índices, parte do objeto, a inteligência inicia o progressivo distanciamento do objeto que culminará na leitura e compreensão dos signos (palavras).


A partir daí a criança transforma a realidade, através dos símbolos, para satisfazer necessidades estritamente individuais, não tendo nenhum compromisso com a realidade e a objetividade dos fatos.


A introdução dos signos é a última etapa de distanciamento entre o objeto (significado) e seus significantes (índices, sinais, símbolos e signos).  Neste estágio (leitura dos signos), a criança será capaz de organizar conjuntos, desmanchá-los, reorganizá-los de maneira diferente etc. Ela poderá, portanto, desmanchar as palavras, reorganizar suas partes em novas totalidades (desfazer uma palavra e, partir de suas sílabas, criarem novas palavras).

 
Observa-se, pois, a partir desta perspectiva, a importância da matemática para a aprendizagem da leitura e da escrita (alfabetização).

 

O que é chamado aqui de matemática compreende, precisamente, o conhecimento físico (que consiste em uma abstração feita a partir das qualidades físicas do objeto) e o conhecimento lógico matemático (que consiste em uma abstração feita a partir da ação: ordenação, classe etc.). Considerando que ler implica na desorganização de uma estrutura (palavra-chave, palavra-geradora) e sua reorganização em estruturas novas (palavras novas); na organização de uma totalidade (frases), a partir da posse de um conjunto de estruturas dispersas (palavras); na compreensão de dois pontos de vista de forma simultânea (tábua de dupla entrada), ou de uma permutação com as vogais, estas implicações são todas matemáticas e, portanto, independente dos métodos de alfabetização que se vai utilizar.

 

Por último, vale colocar que, as explorações de TEXTOS, FRASES e TEMAS, anteriormente a introdução da PALAVRA GERADORA, serão sempre extremamente úteis, uma vez que, quanto mais a palavra geradora é retirada de um contexto significativo para as crianças, mais será rica sua exploração na ficha-esquema onde devem ser cobertos todos os fonemas (critérios linguísticos).

 

A proposta, pois, está baseada no desenvolvimento das estruturas mentais e pode ser sintetizada da seguinte forma:


·         Totalidade (tema/frase/palavra);

·         Análise/síntese (sílaba – palavras novas – frases-texto);

·         Generalização (compreensão do código escrito);

·         Aplicação do ESQUEMA (leitura e escrita)

 

        Antes de qualquer coisa, é interessante esclarecer alguns pontos como:

 A nossa escolha se deu pelos seguintes motivos:

·         Por utilizar a mesma estrutura lógica da nossa LÍNGUA (UNIDADE SILÁBICA, VOGAL COMO VARIANTE ETC.);


·         Por ser um modelo facilmente popularizado, através das experiências de Lauro de Oliveira Lima (com crianças e adolescentes) e Paulo Freire (com adultos);


·         Por ser em parte, amplamente conhecida pelos educadores;

·         Pelos bons resultados alcançados nas experiências realizadas pelas escolas que   optaram pelo construtivismo seqüencial ( psicogenético) e  nas pesquisas.


A nossa proposta está baseada no desenvolvimento das estruturas mentais. Pode ser sintetizada da seguinte maneira:

 
·       Totalidade (temas / frases / palavras).


·       Análise /síntese (sílabas – palavras novas – frases – textos).


·       Generalização (compreensão do código escrito).


·       Aplicação do ESQUEMA (leitura e escrita).

 
     1.  A QUESTÃO DA LETRA

 

         A letra que utilizamos é a conhecida como de BASTÂO, se alguma escola, porém tiver grande objeção à mesma, sugerimos a de imprensa MINÚSCULA, esta usada nos livros, jornais etc. Isto porque a letra cursiva, dita de mão, possui uma estrutura de nó, de cruzamento, que implica um nível de coordenação tal que termina por concentrar a criança na sua execução, ao invés de na leitura propriamente dita.

 
           Por outro lado, aprender a ler é independente de aprender a escrever, assim como ler é independente de falar. Podemos ler sem saber escrever, assim como a criança pode falar muito antes de poder ler. Portanto, uma criança pode ler e organizar ideias independente de saber representá-las graficamente (escrita). Ela estará apta para ler quando suas estruturas mentais atingirem certo nível de desenvolvimento, ou seja, quando ela alcançou as estruturas lógicas do pensamento operatório (operações concretas). Isto não significa, contudo, que deva possuir um nível de coordenação motora que lhe permita fazer desenhos tão complicados como os da escrita cursiva.

 

        Particularmente para as crianças, o mundo aparece escrito principalmente com a letra de imprensa. Ensinando-a com este tipo estaremos colocando-a com este tipo de letra estaremos colocando-a diretamente em contato com o mundo escrito nos cartazes, nos jornais, revistas, livros, televisão etc.; e este é o principal objetivo quando alfabetizamos uma criança. Além do mais, a letra cursiva é extremamente individual, tem diversos estilos, terminando por dificultar a sua leitura e confundir a criança.

 
           Com o tempo, após a alfabetização (aprendizagem da leitura a criança aprende rapidamente e generaliza todo tipo de letra). Na maioria das vezes ela aprende sozinha a letra cursiva (pela simples curiosidade espontânea). Não devemos ter pressa, cada etapa acontece em seu devido tempo, na hora certa, quando é uma NECESSIDADE.
 

         Neste momento nossa preocupação é que a criança adquira um novo código de comunicação. Na descoberta de um novo mundo: o escrito. Para esse objetivo, as melhores letras são as de BASTÃO e a de IMPRENSA, por serem as mais simples (praticamente compostas de movimentos independentes) e por não atrapalharem o processo tão importante de desenvolver a inteligência e construir um NOVO ESQUEMA DE ASSIMILAÇÃO. 

 
         Centraremos todas as nossas atenções nesta transformação. O que eu falo, pode ser escrito e pode ser lido. Não devemos PERMITIR que a criança gaste um precioso tempo em especializar-se numa atividade. Lembremos que ela poderá criar “histórias”, inventar e conversar sem que precise escrever.
 

    2. UTILIZAÇÃO DAS FICHAS DE LEITURA


       Vamos construir quatro níveis de fichas de leitura, cada uma em papel-cartão, preferencialmente coloridas, cobrindo um vocabulário mínimo de 300 palavras.

                 1ª FICHA – SÍMBOLO - apenas com o desenho dos objetos, ou foto recortada de revistas, propagandas, livros velhos etc.              

 
                 2ª FICHA – SÍMBOLO – SIGNO - as mesmas com o desenho ou recorte acompanhado da palavra

 
                 3ª FICHA – ÍNDICE PARA IDENTIFICAR O SIGNO - (do mesmo vocabulário) com o contorno ou parte do desenho, acompanhado pela palavra.

 
                 4ª FICHA - SIGNO - apenas com a palavra (escolham entre as palavras sugeridas). (Se a criança, não reconhecer o som, coloque várias fichas para que ela identifique, de que objeto é aquele nome). É o momento de explorar os signos através dos símbolos (esquema de assimilação, reconhecimento dos SIGNOS (palavras).

 
          Peça para baterem palmas, para descobrirem quantos pedacinhos (sons) tem as palavras. O som que começa. O som que termina. Identificar outras palavras começadas com o mesmo som.

 
           Trabalhar com as fichas de leitura 1, 2, 3, 4. Comece o estudo das fichas 2, em ligação com os objetos ou a ficha 01. Depois a ficha 3 em ligação com a 02 ou  a 01 e finalmente a ficha 4 em relação com a 2 e a 3, misturando nas brincadeiras e jogos para a identificação uma com as outras  e explorando bastante o valor sonoro das famílias que formam as palavras buscando outras com o mesmo som, explorando e estimulando tanto a percepção auditiva quanto a visual.

 
           Explore as palavras da terceira ficha, verbalmente, como se separam batendo palmas. Explorar, também oralmente, os nomes das crianças, etc.


           Com as palavras da 3ª ficha, peça que cada criança diga uma palavra que comece com um de seus pedacinhos. Por exemplo: na palavra BOLA as crianças devem dizer palavras que começam com BO, depois com LA. Faça isto com o máximo de palavras da 3ª ficha. Procure realizar através de jogos, dividindo a turma em grupos, pois isto estimula uma atividade característica da criança e também contribui para atenuar a competição.

 
            Crie vários jogos que auxiliem no trabalho com as fichas.


            PARALELO ao estudo das fichas certifique-se que todas ou a maioria das crianças conhecem as vogais.

 

OBS. EM NOSSA LÍNGUA SÃO AS VOGAIS QUE DETERMINAM O SOM DAS LETRAS. NA VERDADE, ELAS É QUE VARIAM E FORMAM AS PALAVRAS. NOSSA PROPOSTA É QUE NESSE INÍCIO AS CRIANÇAS COMECEM TRABALHANDO APENAS COM AS VOGAIS. QUANTO MENOS CONHECIMENTO TIVEREM DAS CONSOANTES, MAIS CONDIÇÕES TERÃO PARA ASSIMILAR O CONJUNTO DAS FAMÍLIAS, OU SEJA AO INVÉS DE B + A = BA, A CRIANÇA CONHECE “BA” COMO UMA TOTALIDADE IDENTIFICADA PELA VOGAL.

 

     Se a maioria das crianças não identificarem, trabalhe as vogais conforme orientação.

 

·         Invente e conte historinhas onde os personagens são as vogais. O interessante é que seja contada a história de cada vogal separadamente. A história do A, do U, do O etc., para depois reuni-las uma só história.

 

·         Procure em revistas a vogal A (depois O,I,E,U), recortar e cola


·         Leve-os a montarem as vogais com massinha de modelar.


·         Desenhe as vogais no chão para caminharem sobre as mesmas.


·         Dê para as crianças o desenho da vogal em folha ofício para que elas colem barbante, palitos, grãos etc.

 

           Faça uma brincadeira onde cada criança, terá um mini cartaz (folha de ofício) preso na roupa. Estabeleça uma dinâmica onde todos, ao som de uma música, ou um instrumento, andem livremente e a um determinado sinal, devem parar e dar a mão ao amigo do lado. Faça análise dos encontros formados e seus respectivos sons (EU – IA – AI – AU – OI – OU – EI – UAI –UI ) os sons formados que não tenham sentido como por exemplo AE – UA etc. são desfeitas para retomar a dinâmica e serem refeitas.

 

           Ao fim da brincadeira escreva os encontros em fichas que darão inicio ao seu banco de palavras

 
           OBS.: A FICHA ESQUEMA SÓ DEVE SER INTRODUZIDA QUANDO IDENTIFICAREM SEM DIFICULDADE AS VOGAIS E AS TÁBUAS DE UMA E DUPLA ENTRADA JÁ TER SIDO TRABALHADO BASTANTE.

 
*        Explore as palavras da quarta ficha, verbalmente, como se separam batendo palmas. Explorar, também oralmente, os nomes das crianças, etc.

 
*        Com as palavras da 4ª ficha, peça que cada criança diga uma palavra que comece com um de seus pedacinhos. Por exemplo: na palavra BOLA as crianças devem dizer palavras que começam com BO, depois com LA. Faça isto com o máximo de palavras da 4ª ficha. Procure realizar através de jogos, dividindo a turma em grupos, pois isto estimula uma atividade característica da criança e também contribui para atenuar a competição.


*        Em cartolina ou similar, faça cartelas de bingo com estas palavras e jogue com as crianças.


*        Crie vários jogos para fixação dos sons das famílias.


*        Faça cópias ou escreva as palavras com as crianças, de forma que possam ser recortadas por sílabas e possam ser coladas refazendo as palavras. (desfazer as palavras e reorganizá-las, recortando e colando). 

 

*        Peça para que as crianças desenhem as palavras, (podem estar no contexto do desenho) e organize uma exposição destes desenhos na sala de aula ou na escola. Discuta, forme frases, crie “histórias” e dramatize estas palavras (oralmente).
 

*        Peça que as crianças escolham entre as palavras trabalhadas nas terceiras fichas as que mais gostaram (voto da maioria), para serem PALAVRAS GERADORAS. Lembre-se que não existe o fácil e o difícil. Pode-se começar por qualquer uma das palavras, pois, o grau de dificuldade é o mesmo, uma vez que a criança vai trabalhar com a totalidade, com “famílias”, não fazendo diferença se a silaba é CAR ou CA.

 
Quando perceber que já estão bem seguros no reconhecimento das vogais e dos encontros vocálicos dê inicio ao trabalho com a ficha esquema, seguindo passo a passo as orientações dadas.

 
Sugestões de outras atividades a serem trabalhadas neste momento:

 
*      Utilização e criação de “histórias” tanto clássicas como criadas pela professora e /ou as crianças ligadas ao tema do projeto e, exploração das mais variadas situações problema.


*      Conhecimento e reprodução oral de quadrinhas e canções, ligadas ao tema do projeto.

 
*      Capacidade de “adivinhar” o que vai acontecer ou aconteceu. (Decodificação de índices)

 
*      Jogos em que se utiliza uma forma de expressão e comunicação não convencional (por ex: mímica) e que se possa observar a dificuldade de uma pessoa estranha em compreender o que se passa.

 
   *      Elaboração de perguntas e respostas de acordo com os diversos contextos de que participa.

 
*      Participação em situações que envolvem a necessidade de explicar e argumentar suas ideias e pontos de vista. Questionamentos durante as atividades.

 

*      Atividades gestuais, auditivas, gráficas e plásticas codificação de índices.

Ex: - “Há nuvens escuras; o que vai acontecer?”

- “ A rua está molhada: o que aconteceu?”


*      Coletados ou apresentados pelos alunos:

- cores dos sinais de trânsito.

- emblemas de clubes.

- cores de times de futebol.

 
*      Observações e manuseio de materiais impressos, como livros, revista em quadrinhos, etc. previamente apresentados ao grupo.

 
*      Atividades e conversas que leve a combinar um código de comunicação com os colegas;

 
*      Ao fim de cada atividade questionar bastante e comentar com a turma:
 

- a respeito do acordo prévio que determinou os acordos usados nas atividades.

- a respeito de suas funções (no desempenho de chefias).

 
*      Coletados ou apresentados pelos alunos:

- cores dos sinais de trânsito.

- emblemas de clubes.

- cores de times de futebol.

 
*      Jogos com palavras que comecem ou terminem pelo mesmo som.

 
*      Dramatização de situações resumidas em uma ou duas orações com carga emotiva variável.

 
*      Participação em situações em que as crianças “leiam”, ainda que não o façam de maneira convencional. (como o reconhecimento de embalagens, fichas etc.)

 
*      Observações e manuseio de materiais impressos, como livros, revista em quadrinhos, etc. previamente apresentados ao grupo.

 

 
OUTROS ASPECTOS IMPORTANTES PARA A AQUISIÇÃO DA LEITURA:

 

*      Os verbos e os substantivos devem ser à base de todos os planos e explorados em todas as atividades inclusive não esquecer a sua colocação de forma correta, variando do singular para o plural, presente passado e futuro.

 
*      Com base nos substantivos de cada semana a professora deve reunir e colocar à sua disposição no grupo o maior número possível de objetos e gravuras relacionados aos mesmos.
 
*      Solicitar gravuras de objetos para o caderno de coleção de objetos do mesmo tipo ou monte fichas por classe:     
          - servem para comer
          - servem para pentear o cabelo.
          - servem para a higiene pessoal.
          - eletrodomésticos.
          - flores.
          - animais etc.
 
                    Estas fichas devem ser recortadas em retângulos para o uso da criança, a maneira de um baralho (um pouco menor). 
 
      Sugestão de Leitura:
 
Núcleo Pedagógico
Rosângela Meira  / Valdicéia Rosa Terence


 

 
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